Postagens

Crônica da Poética

Outro dia comentávamos a revolução científica. Uma teoria supera outra, assim as coisas vão se movimentando. Assim foi com Platão e Aristóteles. Poderia vê-los sentados nos bancos do Restaurante Universitário, às vezes até na fila do Xerox. Até mesmo inventar que eram os irmãos-tortos da minha irmã. Usaria irmã pra vocês entenderem que estou afastada deles, enquanto personagens. Caso contrário, ressaltaria nossa fraternidade com o signo-imagem. Enquanto Platão rechaçava Doxa, Aristóteles lhe deu vida. Casal predestinado logo se reconheceu. Tiveram as Mímeses. Duas gêmeas, carne e unha. Uma importante intelectual e atriz carioca, a outra, mulher solitária de linguagem articulada. A mais nova era um pouco tímida, mas excelente aluna. Esse mundo ideal dá voltas. Uns minutos mudam tudo. Algumas vivências não precisam ser empíricas, senão baseados na experiência da criação poética. Não é necessário que seja real, sim, verossímil. O importante é perceber a construção do texto, os modos, a ...

Ensaio como Adorno

Na sala dele tinha um peso de papel peculiar. Não sabia o porquê de ele ficar ali, atravancado no porta-lápis, bem naquele lugar de colocar o clipe. Era evidente que fazia meses que ninguém repunha o estoque de clipes ou grampos, mas pensava que o meio acadêmico fosse mais dogmático, extensivo aos objetos que o compõem. A superfície lisa e polida do peso, nada tinha a ver com aquele envolto plástico que o encarcerava. Observando-o mais a fundo percebi que o porta-lápis estava rachado, talvez a força, a massa, o acrílico não suportou. Mas tudo era cinza, meio mórbido e gélido naquela sala. Diria até que faltava vida, não fosse o calor insuportável no fim da tarde. Completava ali minha fotossíntese, junto às plantas sintéticas do corredor. Tantas divergências físicas e teóricas num só departamento, que não me admirava o porta-lápis haver sido promovido a suporte de pedra. Não uma pedra qualquer, um peso de papel feito por um artista desconhecido, mas que como nenhum outro levava a vida...

SARTRE ET MOI

Mas, pergunto o Que é a literatura? Com metafóricas comparações-referenciadas, Sartre me contesta e explicita a relação do homem com o mundo do século XX. Com a finalidade de refletir sobre a correspondência entre o poeta e seu meio. Ou melhor, a incorrespondência, já que de acordo com ele, o poeta se ausenta, “está fora da linguagem, vê as palavras do avesso”. A ambiguidade do meio, no entanto, vai além da licença poética. Meio-lugar e meio-palavra. O primeiro traduz a tendência do produtor literário dos anos 1950. Com ênfase no gênero masculino e no existencialismo. No Brasil, o atraso culminou em experimentações artísticas na década de 1960, influenciadas pela contracultura. O pós-modernismo, no Brasil, leva aos bares e às livrarias, discussões que evidenciam a necessidade de transgressão do movimento, o fundaram, portanto, à margem. Já no que diz respeito ao meio-palavra, Sartre confessa que o poeta estabelece com a palavra um vínculo ímpar, pois ele “a manipula a partir de ...

Factory Girl

Um dia estávamos almoçando, eu e minha amiga Ceci, e ela me indicou de cara o Factory Girl (Garota Irresistível no Brasil). Quando ela falou que contava a história de uma ‘it’ girl que atuava em filmes experimentais do Andy Wahrol, eu TIVE que assistir. No começo achei que ele não teria espaço aqui, porque pensei ser daqueles filmes pesados, sabe? Que a gente tem agonia e passa três dias de cama depois de ver, ( “A concepção” é esse tipo de filme, que joga bosta na nossa cara). Mas não, não é o caso desse filme. Factory Girl tem uma proposta bem intrigante. Como o contexto retrata o universo da representação, o mundo da arte, além das pinturas do Wahrol que dão plasticidade às imagens-movimento, o misto de gravações em preto, branco, colorido faz a gente confundir entre os fatos e as ficções. Baseado em uma história real, Factory Girl celebra   o mundo glamouroso da arte, mas de uma maneira menos atrativa que o normal. O enredo gira em torno da trajetória da atriz/modelo/produt...

Nova velha mensagem

Bom dia  como você anda mestre já filhos casado por onde anda você sinto a sua falta eu achava que a distancia fosse o nosso espaço  ideal acho esse meio de comunicarmos  impessoal prefiro carta não tem entonação onde fica a interrogação meu deus que estranho a unica coisa boa é que eu vejo o seu nome na tela sempre que te escrevo nome que o apelido esconde Antonio sempre me declarei fiel ao seus nomes a sua pessoa fidelidade que não escapava a oportunidade de te fazer sentir culpado por ter me deixado sem comer desesperadamente nua louca delirio juvenil o que fizemos ja falei muito mais mas  depois de um tempo  respirei melhor isso tudo e agora lido... com mais tranquilidade soube que vc juntou ela é bonita legal sempre quis juntar a sua casa seu teto alto e a grama do quintal colocar tudo na garupa da bicicleta que você insistia  pra eu montar e a gente descer j...

Poema in verso pelo meio

Título Leituras do eu na inconsciência poética de hoje Resumo Este texto consistirá na análise do eu que é outro ser-onírico que se revela instintivamente-agora, Em primeiro lugar, gostaria de resumir a função do reflexo na poesia que Fragmenta. na forma: função do outro atravessada a poeta do ofício que se desenforma finda a norma e se es vai ao revérso o espelho marginal atinge finalmente ao fundo Ser que escreve. Poema disónível no livro Desconverso, publicado em setembro de 2017.

O primeiro mentiroso e a proposta de um mundo sem ficção

Imagem
Se você já teve tempo livre o suficiente pra pensar como seria o mundo se não houvesse ficção, seu lugar está contado pra essa viagem! Caso contrário, veja o filme The Invention of Lying, de 2009 e vem comigo! A comédia romântica que foi ao ar em 2009 pode parecer antiga aos olhos cibernéticos que buscam por novidades a todo momento, mas a temática é bem atual e super vale a reflexão. Mark é um adulto frustrado que trabalha de roteirista em uma sociedade em que a mentira não existe. Logo, seu trabalho fica restrito à História, mais precisamente ele relata sobre os acontecimentos em um período de século. É interessante que como não há representação/mentira/ficção as propagandas são feitas sem esses recursos, por isso quando no filme, passam propagandas de TV, são sempre frias, francas e detestáveis. Nem a coca-cola se livrou dessa: No entanto, é cômico perceber como as relações sociais se estabelecem meio a esse encontro perigoso com a verdade absoluta. A Jennifer Garner faz a An...